Restaurar um carro antigo deve ser, antes de tudo, a realização de um sonho apaixonado. Não se trata de um investimento como outro qualquer, como comprar um carro novo. É preciso estudo, dedicação, investimento e paciência, pois se trata de um processo que pode levar anos para terminar. A restauração de carros é a arte de dar vida a um automóvel que se encontra fora de atividade devido ao desgaste sofrido ao longo dos anos.
Por se tratar de uma arte, não deve ser feita com pressa. Encontrar as peças corretas para fazer seu carro voltar ao brilho que teve um dia não costuma ser uma tarefa fácil, e é por isso que ter um clássico com peças originais é motivo de tanto orgulho entre colecionadores. Muitas vezes, a restauração se torna cara e trabalhosa devido ao problema de disponibilidade de peças adequadas no mercado. Por isso, nós desenvolvemos este guia para você, que quer se aventurar com carros antigos, saber por onde começar o desafio de dar vida para a sua caranga!
O primeiro erro do restaurador principiante é se emocionar demais com o modelo de carro a ser restaurado e assumir um projeto que não terá condições de concluir. A escolha dos carros antigos para restaurar é a decisão mais importante para o orçamento do projeto, pois é o ponto de partida para todo o planejamento. Se o carro não está em boas condições, o orçamento de peças será mais caro, a mão de obra será mais trabalhosa e o tempo de restauração será maior.
Por isso, a dica mais importante na hora de escolher o carro a ser restaurado é avaliar muito bem o estado de conservação do carro. Se possível, leve um especialista com você para procurar por detalhes, defeitos difíceis de notar e sinais de desgaste. Essa é a hora de ser meticuloso. O menor sinal de ferrugem pode ser a diferença entre um carro restaurado e um orçamento estourado no final das contas.
Quanto mais antigo o carro, mais diferenciada será a experiência de dirigi-lo, e é por isso que antes de comprar um modelo é importante saber quais são as características que o tornam único. Para saber qual modelo é o mais indicado para oferecer a experiência que você espera de um clássico, é preciso entender um pouco sobre a mecânica do carro, suas características de dirigibilidade e de funcionamento.
Procure por referências de eventos automotivos com foco em carros antigos para se informar melhor sobre quais modelos são os mais indicados para o que você procura. A ajuda de profissionais experientes pode ser a diferença entre um carro funcionando e um projeto parado por falta de peças. É muito importante também se informar sobre o processo de restauração antes da compra do carro, ler livros específicos sobre reforma de carros antigos e acompanhar informações de fóruns de colecionadores.
Tudo depende das condições iniciais do carro a ser restaurado. Existem os casos em que uma reforma mais simples dá conta do recado, o que reduz bastante o investimento. São casos de carros mais populares que ainda estão em circulação por aí e que podem ser reformados com investimento de 2 mil a 4 mil reais.
Se você encontra um carro mais antigo, razoavelmente conservado, é possível deixá-lo novinho em folha por menos de 10 mil reais. Utilizando peças mais convenientes, sem se preocupar tanto com a originalidade do carro, o custo reduz bastante.
Um outro cenário é aquele em que você encontra o carro dos seus sonhos e quer a originalidade de volta. As peças precisam ser trocadas por itens originais, a funilaria e a pintura precisam ser refeitas, assim como o motor. A restauração completa pode chegar a 40 mil reais.
Quando se idealiza demais um carro antigo — como aconteceu com muitos compradores depois do lançamento de filmes como “Velozes e Furiosos” —, com frequência são esquecidos os problemas relacionados ao fato de o carro ser antigo. A maioria dos carros de 1980 não tem a ergonomia que os carros atuais oferecem, o que pode assustar alguns motoristas mais novos.
O volante sem direção hidráulica, o motor que esquenta demais e a fragilidade de algumas peças são características de muitos carros antigos, mesmo os impecáveis. É importante entender que carros de 1970 foram projetados antes da invenção do computador que usamos hoje em dia, o que é uma distância enorme em termos de tecnologia automotiva.
Depois de conferir todas as características do modelo mais adequado, verificar minuciosamente todos os detalhes de conservação e se informar bem sobre o assunto, é hora de realizar o orçamento.
Quando se trata de carros antigos, um detalhe que poderia passar despercebido por muitos leigos, como uma lanterna, pode acabar custando o preço de uma retífica de motor. Por isso, é preciso ter muita atenção aos detalhes do carro e fazer uma boa pesquisa de mercado para conseguir aquele fornecedor de qualidade com preços que caibam no seu bolso.
Seja altamente crítico em relação ao visual do carro que você pretende restaurar. O bom estado da carroceria e do chassi pode ser mais importante do que o motor em si para a avaliação de um carro a ser restaurado. Alguns carros antigos têm uma disposição de peças de motor no mercado internacional, com bom acabamento e preço acessível. Já uma lataria enferrujada não pode ser consertada com tanta facilidade. Os itens de funilaria podem variar muito — de 5 a 50 mil reais, dependendo do caso.
Para que o carro tenha um desempenho adequado, é preciso que seus sistemas mecânicos estejam em condições plenas de funcionamento. Por isso, a restauração do carro requer a desmontagem do veículo e a análise dos componentes mecânicos, de modo que seja possível decidir o que deve ser comprado novo, o que pode ser refeito e o que deve ser consertado.
O motor pode precisar de retificação, bem como o conjunto do redutor e os eixos. Essa parte do carro deve ser encarada com um olhar muito cuidadoso, pois influencia muito o desempenho do carro.
O sistema de freios é uma preocupação comum quando se trata de carros restaurados, pois seu funcionamento deve estar adequado para uma condução segura e funcional. Os amortecedores não devem conter vazamentos, corrosões ou rachaduras — por isso, normalmente são trocados como forma de prevenção no processo de restauração de um carro.
As peças para veículos antigos, geralmente, são mais raras, o que pode ser um grande problema na hora de uma substituição necessária. Para evitar ficar com o carro parado por falta de peças, ou então uma conta muito alta por ter sido feita de última hora, é preciso ter as peças à mão e realizar a manutenção preditiva.
Isso demanda um espaço extra na garagem, uma boa organização do lugar e um dinheiro disponível para ser investido sempre que ouvir falar de uma peça conveniente em promoção. Não precisa ser uma peça da qual você esteja precisando no momento; se ela pode ser útil no futuro, pode ser bom tê-la na oficina.
A manutenção faz parte do custo do automóvel que você vai ter e, mesmo depois de restaurado, o preço deve ser considerado na conta para evitar surpresas. Uma boa proposta é apostar nos modelos tradicionais, que têm boa disponibilidade de peças de reposição, para garantir o bom funcionamento do veículo. Além disso, serão necessários investimentos para recuperação de sistemas como a suspensão, o freio, o arrefecimento, o recondicionamento do motor etc.
Essa é a parte em que a maioria dos restauradores de primeira viagem costumam perder muito tempo e dinheiro. Se, para um veterano, qualquer restauração um pouco mais complicada já requer borrachas novas, restauração de peças, mão de obra e peças novas para os desafios descobertos no meio do caminho, é fundamental que iniciantes tenham um mentor para ajudar nas particularidades e nos detalhes do carro para conseguir bons resultados.
Restaurar um carro é trazer de volta um sonho que viveu numa época diferente da nossa e, por isso, requer investimentos, paciência e dedicação. Encontrar as peças certas no momento certo, com certeza, é um grande desafio, mas isso pode ser sempre facilitado se você estiver bem informado, atento ao mercado e em contato com profissionais e entusiastas da área.
Em Jabaquara, São Paulo, a Escola de Restauração de Veículos Antigos oferece para a comunidade local diversos cursos sobre restauração de carros antigos. Entre os projetos, destaca-se o “Jovem Restaurador” — apoiado pela Nakata, ele oferece bolsas de estudo para jovens de baixa renda.
São diversas áreas de formação técnica, que cobrem todo o processo de restauração. O aluno tem aulas de mecânica, funilaria, elétrica, pintura, marcenaria e tapeçaria, em um formato de 15 módulos a serem estudados durante um período de 3 a 4 anos. Dessa forma, ele aprende do ponto de vista prático todos os processos da oficina de restauração.
Gostou das nossas dicas? Acompanhe um trabalho de restauro de um Passat 1975 realizado por Marcelo Tonella, especializado em recuperação de veículos antigos. Se você pretende restaurar ou já começou a restaurar algum carro antigo, entre em contato com a gente para nos contar sobre essa experiência!
Fonte: Nakata
A transmissão no automóvel moderno - o mecanismo que torna possível ter três velocidades à…
Nova bateria tem as mesmas dimensões, mas é mais densa e permite rodar até 385…
É bem provável que você já tenha ouvido falar dessa peça, mas ainda não está…
Um carro híbrido tem dois motores que trabalham em conjunto — um elétrico e outro…
Você já reparou como os automóveis estão cada vez mais tecnológicos? A parafernália de dispositivos…